quinta-feira, 29 de maio de 2008

Por dentro do Cidade Jardim

Comentado nas rodas de paulistanos endinheirados desde o anúncio de seu projeto, em 2005, o shopping da Marginal Pinheiros intensifica as obras para abrir as portas em maio. Veja São Paulo teve acesso exclusivo à construção

O clima blasé, na linha nem-te-ligo, costuma predominar nos ambientes focados na classe AAA. Tem sido diferente nos últimos tempos, em que o mercado de luxo vive um atípico alvoroço com a chegada iminente do Shopping Cidade Jardim. Investimento de 1,8 bilhão de reais da construtora JHSF, o centro de compras anexo a um condomínio de prédios de alto padrão está para entrar na disputa pelos consumidores endinheirados da cidade.
Dividirá o ringue com a Daslu e o Iguatemi, numa legítima briga de cachorro grande (com pedigree, claro). Todos devidamente munidos de suas coleirinhas de grife tal e qual os totós das futuras clientes.
Tipuanas, goiabeiras e sibipirunas compõem o paisagismo: algumas árvores têm mais de 20 metros de altura Em pouco tempo, a barulheira e a correria deixam de incomodar e começa-se a notar um clima de shopping diferente – e era bem essa a idéia do empresário Zeco Auriemo, que se inspirou no projeto a céu aberto do Bal Harbour, de Miami. Surgem vitrines imponentes e elevadores panorâmicos. Chama atenção, no projeto criado pelo arquiteto paulistano Arthur de Mattos Casas, a opção por um despojamento sofisticado. Bancos, floreiras, lixeiras e bebedouros, com cuba de aço e base de pedra, foram desenhados pela equipe dele.
Tudo na medida ideal para não soar ostensivo. Uma tentativa, parece, de compensar o luxo superlativo que chegará com a joalheria Tiffany&Co., os relógios Rolex e outros ícones. Nos corredores, nos banheiros, em toda parte predominam linhas retas, traços simples e limpos. O piso é de fulget, rústico e de manutenção simples – essencial para um lugar que espera receber por dia 30.000 pessoas. Ventiladores de teto completam o pacote "menos é mais". Ar-condicionado, só dentro das lojas, assim como mármores da mais chique procedência. Os corredores serão refrescados pela mãe-natureza: dois grandes jardins sem cobertura contêm árvores como tipuanas e goiabeiras. Elas são antigas conhecidas daquele trecho da Marginal Pinheiros. Ocupavam um pedaço do terreno onde se ergueram 36 300 metros quadrados de área bruta locável. Foram retiradas e replantadas depois da obra.
A fase inicial contará com 120 lojas. Longchamp, Louis Vuitton e a carioca Osklen já são visíveis no térreo. O 1º andar abriga marcas que nunca funcionaram em shoppings. Apesar de pronto, o 2º piso, que reunirá mais sessenta lojas, ainda não foi comercializado (será inaugurado em 2009).
A Daslu abrirá uma filial de 2 500 metros quadrados. Não haverá praça de alimentação – que surpresa! –, mas grifes gastronômicas. O Grupo Fasano marca presença com o Nonno Ruggero e um supermercado gourmet. O japonês Kosushi, que funcionava na Daslu, migra para a outra margem do rio em versão panorâmica, a 40 metros de altura. Lanchonete da Cidade, a doceira Pati Piva e o café Santo Grão, este último dentro da Livraria da Vila, integrada a uma Casa do Saber, completam as opções. "Abre-se mais uma vitrine do luxo em São Paulo. E não deve significar perdas para outros empreendimentos", avalia o professor Silvio Passarelli, diretor do curso de MBA de Gestão de Luxo da Faap. Segundo ele, há espaço para todos. "No ano passado, em relação a 2006, esse segmento cresceu de 14% a 17%, conforme a atividade", afirma. "Movimentou cerca de 4,5 bilhões de dólares, montante que pode triplicar na próxima década."

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